As obras para a COP30 em Belém geraram uma onda de críticas após a instalação de plantas trepadeiras sobre estruturas de material reciclado que imitam árvores no futuro Parque Linear da Doca. A iniciativa do governo do Pará tinha como objetivo criar áreas sombreadas, mas foi recebida com desaprovação por ambientalistas e moradores. Após a repercussão negativa, o termo “árvores artificiais” foi substituído por “jardins suspensos” na divulgação oficial.

Ao todo, 80 dessas estruturas serão instaladas no parque, além de outras 100 na Avenida Tamandaré, localizada ao lado. O governo estadual justificou a escolha alegando que a faixa de terra ao longo dos canais é rasa, dificultando o plantio de árvores de grande porte, que necessitam de solo profundo e espaço lateral para o desenvolvimento das raízes.

No entanto, a decisão não convenceu grupos ambientalistas. A COP do Povo, uma coalizão de ONGs que organiza eventos paralelos à conferência, declarou que “centenas de alternativas” poderiam ter sido adotadas. Em nota, o grupo criticou o que chamou de “desconexão com a realidade amazônica” e destacou que a medida contraria diretrizes de acordos ambientais internacionais.

Especialistas também apontaram falhas na solução adotada. O engenheiro florestal Salvador Sá classificou a iniciativa como “bizarra” e questionou a efetividade da sombra gerada pelas estruturas. “A ideia de reutilizar materiais descartados para paisagismo é válida, mas fixar ervas ornamentais para simular a copa de árvores é um erro. Mais grave ainda por se tratar da região mais biodiversa do país”, afirmou. Além disso, ele levantou dúvidas sobre a escolha das espécies utilizadas, alegando que algumas parecem exóticas.

Diante das críticas, o governo do Pará reafirmou que foram utilizadas plantas nativas brasileiras e que a proposta visa aliar sustentabilidade e paisagismo urbano. Apesar das justificativas, o debate sobre a escolha das chamadas “árvores artificiais” continua intenso, levantando questionamentos sobre o planejamento ambiental das obras para a COP30.