O prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), entrou com um processo judicial contra o humorista José Augusto dos Santos, conhecido como Dunga Mesquita, e o vereador Sargento Salazar (PL), após a veiculação de vídeos em que sua imagem foi utilizada por meio de inteligência artificial. Nas peças satíricas, publicadas nas redes sociais, o rosto do prefeito é sobreposto ao corpo do humorista, em cenas que ironizam obras públicas, uso de verbas municipais e até a contratação do cantor Sidney Magal para um evento oficial.

O chefe do Executivo municipal pede à Justiça a remoção dos conteúdos em até 24 horas e uma indenização de R$ 25 mil de cada acusado. A ação também requer que ambos fiquem proibidos de veicular novos materiais utilizando tecnologias de IA ou deepfake. Os advogados de Almeida alegam que, apesar do direito à crítica e sátira política, houve abuso e exposição indevida da imagem do prefeito, associada a insinuações difamatórias e ao ridículo.

Nos vídeos citados no processo, Dunga Mesquita aparece como se fosse o prefeito, declarando, por exemplo, que pagaria o cachê de Sidney Magal com dinheiro arrecadado de multas ambientais ou que se beneficiaria de um empréstimo bilionário da prefeitura. Em outro vídeo, promovendo seu show de humor, o humorista novamente usou o rosto de David Almeida. A terceira publicação traz críticas à gestão municipal no trato com feirantes, também com uso da imagem manipulada.

Nas redes sociais, tanto Mesquita quanto Salazar reagiram ao processo com ironia e críticas. O humorista afirmou que não tem como arcar com a indenização e ironizou a situação, comparando sua rotina de trabalho à viagem de luxo feita por David Almeida ao Caribe — alvo de investigação do Ministério Público. Já o vereador chamou o prefeito de “covarde” e “ditador de Manaus”, afirmando que o vídeo era apenas uma brincadeira e denunciando o que considera um ataque à liberdade de expressão.

O episódio acende um alerta sobre os limites do humor político em tempos de inteligência artificial, ao mesmo tempo em que levanta um debate jurídico sobre uso de imagem, liberdade de crítica e responsabilidade digital. Enquanto a Justiça analisa o pedido do prefeito, a repercussão pública amplia a visibilidade dos conteúdos que ele busca apagar.