O Amazonas é um dos 12 estados brasileiros onde o número de beneficiários do Bolsa Família supera o total de trabalhadores com carteira assinada.
Dados do Cadastro Único e do Caged mostram que o estado tem 645.503 famílias no programa social e apenas 562.001 empregos formais, uma proporção de 1,1 família beneficiada para cada trabalhador registrado pela CLT.
Esse cenário revela a dependência de grande parte da população amazonense em relação ao programa de transferência de renda, realidade que também se repete em estados como Maranhão, Piauí, Pará, e outros do Norte e Nordeste. No Maranhão, por exemplo, há duas famílias no Bolsa Família para cada trabalhador formal — o maior desequilíbrio do país.
Apesar disso, o governo federal aponta sinais positivos. Somente em 2024, 1,3 milhão de famílias deixaram o Bolsa Família após atingirem renda superior a meio salário mínimo por pessoa. Em 2023, esse número foi de 590 mil. O crescimento econômico e políticas de incentivo ao trabalho formal e ao empreendedorismo explicam parte dessa melhora.
Para evitar que famílias percam o benefício ao conquistar renda um pouco acima do limite, o governo criou a Regra de Proteção. Ela permite que pessoas com renda per capita entre R$ 218 e R$ 759 continuem recebendo metade do valor do Bolsa Família por até dois anos. Ao todo, 4,4 milhões de famílias foram incluídas nessa medida entre 2023 e 2024.
A partir de julho de 2025, a Regra de Proteção terá novas regras, com limites de renda e tempo de permanência diferentes conforme o perfil da família. Famílias com integrantes com renda estável, como aposentadoria ou pensão, poderão permanecer no programa por apenas dois meses. A mudança, segundo o governo, busca tornar o benefício mais eficiente e voltado às famílias em maior vulnerabilidade.
Mesmo com essas medidas, o Amazonas ainda enfrenta o desafio de gerar empregos formais em ritmo suficiente para reduzir a dependência dos programas sociais. A indústria local apresentou crescimento no fim de 2023, mas ainda é preciso ampliar oportunidades para garantir que mais famílias possam sair da pobreza com autonomia e segurança.
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