A intensificação da guerra comercial entre Estados Unidos e China tem provocado efeitos significativos no comércio global, e o agronegócio brasileiro desponta como um dos maiores beneficiados. Com a imposição de tarifas elevadas de ambos os lados, especialmente sobre produtos agrícolas norte-americanos, o Brasil ampliou sua participação no mercado chinês, consolidando-se como o principal fornecedor de alimentos para o gigante asiático, conforme destacou o jornal Financial Times.
No primeiro trimestre de 2025, as exportações brasileiras de carne bovina para a China cresceram cerca de 33%, enquanto as vendas de carne de frango aumentaram 19% apenas em março. A soja brasileira também ganhou força, sendo negociada a preços mais competitivos do que a norte-americana. Em contraste, os Estados Unidos enfrentaram queda de 54% nas exportações agrícolas para a China em janeiro, afetando especialmente sorgo e soja.
A China, em retaliação às tarifas impostas por Washington, suspendeu importações de alguns grãos e deixou de renovar registros de frigoríficos americanos. Essa postura abriu espaço para o Brasil se firmar como alternativa confiável, atraindo a atenção não apenas da China, mas também da União Europeia, que cogita aplicar tarifas retaliatórias sobre produtos agrícolas dos EUA, podendo elevar ainda mais a demanda por alimentos brasileiros.
Apesar das boas perspectivas, especialistas alertam para desafios estruturais, como os gargalos logísticos nos portos brasileiros. No entanto, o momento favorável pode atrair investimentos externos, inclusive da própria China, interessados em melhorar a infraestrutura e garantir a fluidez das exportações. A situação lembra a primeira guerra comercial entre as duas potências, em 2018, quando o Brasil já havia se destacado no fornecimento de soja com preços premium.
Analistas reforçam que o Brasil precisa estar atento à evolução do cenário internacional. Um possível acordo entre EUA e China poderia reverter parte das vantagens atuais. Por isso, embora o agronegócio brasileiro viva um momento positivo, a recomendação é de cautela e planejamento estratégico para manter o país competitivo no médio e longo prazo.
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