Uma pesquisa conduzida pelo Instituto Cidades Sustentáveis revelou como moradores de dez capitais brasileiras percebem os efeitos das mudanças climáticas. O levantamento, que ouviu 3.500 internautas, apontou que os impactos mais urgentes variam de cidade para cidade, embora o calor excessivo tenha sido citado como principal problema por quase metade dos entrevistados. Poluição do ar, enchentes e poluição sonora também se destacaram entre as preocupações ambientais.
Em São Paulo, 71% dos respondentes elegeram a poluição do ar como maior problema ambiental. Já em Porto Alegre e Belo Horizonte, as enchentes lideram as preocupações, sendo citadas por 60% e 45% dos participantes, respectivamente. Outros problemas específicos também se destacaram: em Salvador, a poluição sonora preocupa 44%; em Belém, coleta de esgoto (40%) e de lixo (28%) são urgentes; e em Manaus, queimadas e desmatamento chamam atenção de parte significativa dos moradores.
Apesar das diferenças regionais, o impacto do calor extremo é unânime: foi apontado como o principal efeito sentido das mudanças climáticas por 49% dos participantes. Apenas em Porto Alegre a maioria destacou as enchentes como maior consequência. A poluição do ar (17%) e o aumento no preço dos alimentos (11%) também foram mencionados, assim como problemas menos citados, como seca, deslizamentos e aumento do nível do mar.
A pesquisa também mostrou que a maioria acredita que os governos municipais têm papel importante no combate às mudanças climáticas. Ainda que haja algum ceticismo — como em Porto Alegre, onde 13% acham que o poder local nada pode fazer —, predomina a visão de que medidas como o controle do desmatamento, a redução do uso de combustíveis fósseis e o incentivo à reciclagem são fundamentais e possíveis de serem adotadas pelos municípios.
Apesar de reveladora, a pesquisa apresenta limitações. Ela ouviu majoritariamente pessoas das classes C (55%) e A/B (30%), com baixa representatividade das classes mais pobres (15%). Crianças não foram entrevistadas, e a maioria dos participantes tinha entre 16 e 44 anos. Ainda assim, o estudo traz um retrato importante sobre como os brasileiros percebem a crise climática e o que esperam de suas cidades para enfrentá-la.
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